Ácaro de traqueia, o que fazer?


        
        As aves são hospedeiras de uma rica diversidade de ácaros que infestam penas, pele, vias respiratórias e ninhos. Muitas espécies são hematófagas atuando como vetores de vários patógenos como protozoários, bactérias e vírus deixando as aves susceptíveis a infecções secundárias, podendo levá-las a morte.

O Sternostoma tracheacolum, também conhecido como ácaro de traqueia ou ácaro da asma-fole-de canário, é um ácaro que acomete várias espécies de pássaros, sendo um dos responsáveis por muitas dores de cabeça e desgosto de criadores e amadores que criam aves de gaiola ou ornamentais.

Este ácaro é facilmente observável, pois o seu aparelho digestivo possui coloração escura (pela presença de sangue do que se alimenta). O parasita desenvolve-se principalmente na boca afetando vias aéreas, com o tempo os ácaros migram para a traqueia, o que torna a situação mais grave. Acomete também os sacos, aéreos, brônquios e parênquima pulmonar.

A transmissão ocorre principalmente em ninhos onde há regurgitação das aves durante o trato dos filhotes. Os adultos geralmente se contaminam através de água contaminada, alimentos, correntes de ar mal distribuídas ou mesmo espirro de aves doentes. Também ocorre transmissão em exposições, torneios através da introdução de novas aves no criatório, ou a partir do contato com pássaros livres que tenham acesso as gaiolas.

Aves afetadas por esta patologia apresentam incomodo e começam a esfregar o bico nos poleiros e grades, deixam de cantar, mas comem e bebem água normalmente. Quando os ácaros migram para a traqueia a ave manifesta um mal estar permanente por dificuldades respiratórias, dorme embolada, passa a comer menos que o normal e suas fezes tornam-se líquidas e esbranquiçadas. Ao atingir os pulmões, pode-se ouvir um ruído semelhante a um assovio, principalmente à noite. A ave respira com muita dificuldade, mantém o bico aberto e apresenta tosse. Em alguns casos, pode esfregar a região da traqueia nos poleiros, podendo ocasionar queda de penas nesta região. Como a ave apresenta dificuldade em alimentar-se a mesma tende a ficar debilitada facilitando o aparecimento de doenças oportunistas, o que contribui para o agravamento de seu estado de saúde.

Como o Sternostoma tracheacolum é um ácaro escuro e pequeno diagnóstico é feito a partir da transiluminação da traqueia, este teste consiste em, num ambiente escuro, incidir uma fonte de luz no pescoço da ave. Como isso, pode-se observar pequenos pontos negros, correspondentes ao aparelho digestivo do ácaro, dispersos ao longo da traqueia do animal.


Laboratorialmente, os ácaros podem ser vistos através de exame de fezes ou necropsia, onde os ácaros são vistos em sacos aéreos, pulmões e traqueia. O diagnóstico é presuntivo nos sintomas, epidemiologia e resposta ao tratamento.

Assim que os sinais clínicos começarem a aparecer, as aves devem ser isoladas do plantel imediatamente. O tratamento a base de ivermectina associado à polivitamínicos tem demonstrado resultados satisfatórios, lembrando sempre que, a dosagem é o modo de administração devem ser prescritos pelo médico veterinário, pois a ivermectina é um produto tóxico, forte e quando mal utilizado pode esterilizar as aves ou até mesmo causar sua morte.

As formas de se evitar este “transtorno” em nossos plantéis devem incluir quarentena de novas aves, e de aves que participaram de torneios e/ou exposições, um bom manejo higiênico no criadouro, limpando e desinfetando os viveiros com certa regularidade. Deve-se ainda desinfetar os ninhos e viveiros depois de cada criação, utilizar comedouros fechados de modo que as aves não defequem em sua comida proporcionar boa ventilação e renovação do ar, mas sem correntes de ar passando diretamente pelas gaiolas, pois, essas correntes podem carrear ácaros e outros agentes infecciosos. Evitar o contato com outros tipos de aves, como galinhas, pombos, pardais, entre outros.

Além das medidas de higiene e manejo, podemos adotar como medida preventiva a administração de quatro a cinco gotas de vinagre na água do banho, ajudando a manter nossas aves afastadas destes ácaros.

É de extrema importância termos cuidado com a sanidade e manejo dos nossos criadouros, pois descuidos com manejo e higiene podem determinar o sucesso da criação. Aconselhamos aos criadores que sempre procurem orientação de uma médico veterinário, pois a utilização de medicamentos errados pode ocasionar grandes prejuízos.

 Fontes:

 Revista Brasil Ornitológico N.º 77 – Nov – Dez 2009 – Jan 2010, 30-31.

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